sábado, 31 de março de 2012

DIA 2 – BONDI BEACH


                Como fui dormir muito cedo no dia anterior, era 5 da manhã e eu já estava acordado e não conseguia mais dormir. Liguei o notebook e comecei a falar com a família. Não consegui resistir, chorei bastante. O pânico era muito forte e eu queria muito voltar, estava muito arrependido da viagem, me sentindo despreparado e não sabia o que fazer. O que me acalmou foram as mensagens de incentivo que eu recebi. Apoiei-me nelas e falei pra mim mesmo que eu precisava confiar que as coisas dariam certo e que isso tudo me faria crescer. Contive o choro, me acalmei e levantei da cama.


                O pessoal que chegou comigo queria ir pra praia, a mais próxima é Bondi, portanto, esse seria nosso destino. Saímos sem saber ao certo qual ônibus pegar e onde pegar, tentamos perguntar, mas foi difícil entender as instruções das pessoas.  Depois de perguntar para mais alguns, conseguimos pegar o ônibus. Chegando lá nos deparamos com a praia. Linda. Admiramos um pouco a paisagem e caminhamos de uma ponta a outra da praia pela areia e voltamos pela beira-mar. Acabamos almoçando por lá mesmo, pois já estava tarde.












                Voltamos pra casa e fomos para a piscina um pouco, piscina que eu ainda não conhecia. A piscina tem uma hidromassagem que é muito boa, relaxante. Depois eu e a Jamille fomos dar uma volta, fomos até o famoso Opera House. Muito bonito por fora e dentro eles usam como espaço para grandes eventos. Com o agito do dia consegui manter minha cabeça ocupada, o que ajudou a superar o pânico inicial. Mas quando volto para a Egali House e a poeira baixa é difícil ficar bem. Estou fazendo meu máximo para ficar legal.


quinta-feira, 22 de março de 2012

PRIMEIROS PASSOS – EGALI HOUSE


                Logo que chegamos ao apartamento da agência, a famosa Egali House, foi definido o quarto que cada um ficaria, no meu caso fiquei no quarto 2 junto com a Jamille. O Érick, da Egali, passou as primeiras orientações de como funciona a casa, algumas dicas sobre a cidade, algumas orientações no mapa da cidade e apresentou todo o apartamento. O prédio é quase luxuoso, com piscina, hidromassagem, sauna, academia e elevadores tecnológicos, o apartamento em si não fica muito atrás, tem 3 quartos, 3 banheiros, sendo que 2 banheiros tem banheira, cozinha completa, sala de estar com uma televisão de 32’’ e internet wireless. O quarto que eu fiquei era o único quarto com sacada, mas a gente praticamente não a utiliza, só de vez em quando eu paro nela para apreciar a vista. De qualquer uma das janelas do apartamento a vista é impressionante, prédios enormes e mais à esquerda é possível ver o Darling Harbour e um pouquinho da Harbour Bridge. O prédio fica bem no centro da cidade, perto da escola, dos mercados, das principais ruas, fácil acesso para qualquer lugar. Junto comigo, além da Jamille (Joinville – SC), chegou o Luis (Florianópolis – SC) e o André ((Salvador – BA) mas este não era um residente da Egali House, ele veio pela agência, mas como não tinha lugar no apartamento ele teve que conseguir outro lugar para ficar, mas mesmo não morando no apartamento ele sempre estava lá) e já estavam na casa, o Rafael, a irmã dele, Aline, o namorado dela, Vágner e o André (todos de Caxias do Sul).

Da esquerda para a direita: André, André baiano, eu, Vágner, Aline, Rafael, Luis e Jamille


                A primeira coisa que fizemos depois de nos acomodarmos foi tomar um bom e merecido banho, depois da exaustiva viagem. Feito isso fomos até o Woolworths, também conhecido como Woolies, que é o mercado mais próximo para que fizéssemos as primeiras compras. O mercado é dividido em 4 andares, e possui uma marca própria, que é conhecida como HomeBrand, ou seja, todos os produtos tem as suas respectivas marcas, mas se preferir tem o mesmo produto na marca do mercado por um preço muito mais em conta. Como nós somos, estudantes, desempregados e intercambistas, praticamente 100% dos produtos são HomeBrand porque a diferença de preços é bem considerável e os produtos tem a mesma qualidade. Um detalhe legal do mercado também, é o self-service, ou seja, auto-atendimento, você faz as compras e invés de ir até um caixa para pagar, você mesmo passa os itens na leitora de código de barras, embala, seleciona a forma de pagamento e paga. É muito prático e ajuda muito a evitar filas.


                Voltamos para casa e almoçamos, depois fomos até Chinatown, é um pedaço da China dentro da Austrália, um bairro chinês, onde o comércio é praticamente 100% chinês, as pessoas são praticamente todas asiáticas e lá tem o Paddy´s Market, um mercadão que abre de quarta a domingo somente, e além de um espaço enorme com stands que parecem camelôs tem a parte da feira, onde é muito bom de comprar frutas, verduras e carne. Lá o atendimento é meio estranho, tu paras em frente ao stand das frutas e o japa te lança uma sacola, tu escolhe as frutas e devolve a sacola, o japa pesa e te diz o valor, tu entrega as moedas e ele lança numa caixa de papelão. E os preços são tudo redondo, 0,50, 1,00, 1,50 porque aí os japas pesam e fazem a conta de cabeça para saber quanto deu, não precisam digitar o valor na balança, tudo pra agilizar o atendimento.


                Desde que eu cheguei eu fiquei em estado de choque, de repente a ficha cai e tu vê que está do outro lado do mundo, com gente que tu não conhece, sem saber o que fazer, como fazer. Senti-me absolutamente despreparado, arrependido de ter aceitado viajar. Por mais que eu tivesse passado os últimos meses me preparando psicologicamente para enfrentar tudo sozinho, quando a gente se depara com o problema ele toma proporções gigantescas, me senti fraco e incapaz. Só desejava voltar.
                O primeiro dia tem como um dos maiores desafios a adaptação ao fuso-horário, são 14 horas de diferença e o mais indicado é aguentar o máximo possível e ir dormir o mais tarde que conseguir. Não foi o meu caso, na minha cabeça eu só queria ir embora e estava tomado pelo arrependimento, me segurava pra não chorar e quando deram 17 horas eu fui para o quarto e me entreguei ao sono. Não fiz nem questão de resistir, só queria que aquele dia acabasse e já viesse o próximo, na esperança de acordar melhor, renovado.

Um dia antes de eu viajar, eu estava em casa e não estava fazendo nada, de repente comecei a assistir alguns vídeos no youtube e acabei me deparando com o vídeo abaixo. Não tem nada demais, não é nenhuma novidade o que é dito ali, mas quando eu estava na pior, eu lembrava desse vídeo. Ficava repetindo pra mim mesmo que eu precisava ser forte, não ter medo de fracassar, mas ter que me esforçar para vencer, me esforçar ao máximo, sem dor sem ganho.


Link do vídeo:

domingo, 18 de março de 2012

VIAGEM DE IDA - RUMO A SYDNEY


                Uma das primeiras etapas antes da viagem é arrumar as malas, quando se vai para o exterior esta tarefa é ainda mais árdua. É difícil saber o que levar, o que vai precisar, o que pode levar na mala, isso tudo sem ultrapassar o limite de peso permitido pela companhia aérea. A franquia era de 2 malas de 23kg mais uma mala de mão de 5kg. O negócio era arrumar a mala e ficar pesando pra conferir se não tinha ultrapassado o limite. Depois de colocar tudo que eu queria levar na mala, ela estava pesando uns 5kg além dos 23, era hora de começar a eliminar itens a fim de diminuir o peso. Roupas de inverno foram as primeiras a serem sacadas, devido ao volume e ao peso que cada uma possui, depois saiu um par de tênis, depois outro, guarda-chuva, até chegar no peso permitido. Não foi fácil, mas conseguimos. Depois foi a vez da bagagem de mão, só o notebook já pesava uns 3kg, sobrava pouco espaço e peso para levar mais alguma coisa. Optei por uma muda de roupa como reserva técnica para a viagem, alguns itens de higiene pessoal e alguns itens frágeis que não poderiam ir na mala devido ao descuidado que se tem com as mesmas nos aeroportos durante a carga e descarga das mesmas.


                Ao chegar ao aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre, fui direto despachar as malas para em caso de problema ter tempo de resolver, dito e feito, na hora de apresentar a documentação para fazer o check-in, a atendente me pediu o comprovante do visto australiano. Vasculhei os documentos que eu havia imprimido e nada, fui correndo até uma lan-house e acessei meu e-mail, lá tinha o documento que eu precisava, imprimi e voltei às pressas para fazer o check-in. Segundo a atendente sem esse documento eu teria problemas na imigração quando chegasse a Sydney. Pesei as malas e deu na medida, 23kg e a bagagem de mão passou por meio kilo, mas o atendente falou que não tinha problema. Com bagagem despachada e check-in feito fomos almoçar e esperar pelo horário de embarque.


                Depois de me despedir da mãe e da Carol, atravessei o acesso ao portão de embarque e ali vi que tinha início a jornada. Foi um vazio enorme que eu senti, mesmo com elas ali do outro lado do vidro parecia que eu estava sozinho no mundo. Esperando ser chamado para embarcar passou um filme na minha cabeça, uma mistura de arrependimento, medo, coragem, é muito estranho. Embarquei e fui até o aeroporto de Congonhas, São Paulo, completamente sozinho. Sabia que a partir daquele momento eu estava por minha conta. Lá no aeroporto eu tinha combinado de encontrar a Jamille, uma menina de Joinvile que estava indo pela mesma agência que eu e que ficaria comigo na Egali House por 2 semanas. Ela chegou antes ao aeroporto e por isso já tinha feito o check-in do voo para Santiago-Chile, junto com ela estava o André, mais um da mesma agência, porém ele não iria ficar conosco na Egali House. Fiz meu check-in na corrida e já fomos para o portão de embarque rumo a Santiago. O voo foi tranquilo, cerca de 5 horas de viagem. Até que passou rápido, me distraí com o avião e a televisãozinha pessoal e depois tentei conversar com um chileno. Sem falar que um pouco antes de chegar ao aeroporto, passamos pelas cordilheiras dos Andes, muito legal e bonito.


                Chegamos ao aeroporto de Santiago e ficamos passeando e esticando as pernas, tivemos que esperar cerca de 3 horas até o próximo voo. Parecia que o tempo não passava, era angustiante. Depois de muita espera finalmente embarcamos para o terrível voo até Sydney, terrível porque sabíamos que seria uma longa viagem. Logo na saída o comandante avisou que a previsão era de pouco mais de 12 horas de viagem. O lado positivo era que a viagem começava justamente no horário de dormir, por volta da meia noite. Achei que conseguiria dormir no avião, mas não é fácil, não tem onde apoiar a cabeça, o banco reclina pouco, é apertado, não tem espaço para as pernas, eu não consegui dormir direito. Ficava cochilando e acordando toda hora, foi assim até de manhã, aí quando todos começaram a acordar eu continuava cochilando, e acabei perdendo o café da manhã do voo. Passou a manhã e por volta do meio dia chegamos a Auckland – Nova Zelândia, lá era madrugada, estava escuro e o aeroporto deserto. Mais uma vez sala de espera, agora para pegar o último voo, finalmente até Sydney. O último voo era curto, cerca de 3 horas, pra quem viajou 12, 3 já era pouca coisa. Em torno de 7:30 da manhã horário local, chegamos em Sydney. Depois de 30 horas de viagem enfim em solo australiano. Era hora de encarar a tal da imigração. Uma fila gigantesca esperava por nós, junto conosco tinha chegado um ou mais aviões de países asiáticos, era olhinho puxado para todos os lados. A imigração em si foi muito tranquila, só pediram passaporte e a carteirinha de vacinação da febre amarela.


                Com autorização para entrar na Austrália, era a hora de pegar a mala e sair rumo à estação de trem. Eu e a Jamille fomos para a estação pegar o trem, como tudo aqui, o trem é muito moderno, dois andares, muito espaçoso, várias placas informando as rotas dos trens, quanto tempo para o próximo trem, muito legal, um transporte público que funciona e que apresenta uma estrutura que te incentiva a utilizar. Ao chegar à estação de Town Hall descemos e procuramos pelo Érick, da Egali, para ele nos levar até a Egali House.


quarta-feira, 14 de março de 2012

DESPEDIDAS


                Faltando algumas semanas para viagem era hora de começarem as despedidas. Passei uns dias na casa da vó em Santa Cruz e retornei junto com eles para uma festa de aniversário para mim, foram as primeiras pessoas das quais eu me despedi, com exceção do tio Claudir, da dinda e da vó que eu ainda veria na viagem a São Paulo.  Foi um final de semana bem interessante, jogamos tênis nas quadras do Hotel da Fenac em Novo Hamburgo, fizemos uma festa com direito a salgadinhos, docinhos e torta à tarde e à noite fomos ao Estádio Olímpico assistir Grêmio x Santa Cruz (vitória do tricolor 4x1).


                O primeiro evento com a finalidade da despedida foi a Puma´s Fest, fizemos uma churrascada em casa, compareceu praticamente todo mundo, foi uma baderna organizada. Foi o dia no qual a bandeira do Pumas foi oficialmente lançada para o público e teve uma ótima aceitação. Destaque da noite ficou por conta do Cristian que estava muito hilário com seus papos de bêbado e do Amaro que foi nosso assador especialista em churrasco gaudério. Foi também a véspera da estreia do Pumas na Lindolfo Collor´s Cup, muita apreensão e ansiedade de todo mundo, queria muito poder participar deste campeonato, mas espero que eu tenha a oportunidade de jogar outros no futuro próximo, sempre temos que abrir mão de algumas coisas para ter outras.

                No dia seguinte à festa do Pumas, eu, tio Claudir, dinda e vó fomos para São Paulo visitar o pessoal de lá. Foi um final de semana agitado, chegamos na sexta de tardezinha e sábado pela manhã já saímos para ir até o autódromo de Interlagos, quando chegamos olhamos o pessoal do kart treinando e depois fomos até o circuito, pegamos o final da corrida de carros da Audi, mas logo na sequencia eles abriram a pista para quem tem carros potentes desfilarem um pouco, uma loucura, vários Porsch´s, BMW, Mercedes e até um Corvette. Voltamos tarde pra casa e mais para o final da tarde fomos ao shopping do Morumbi. Lá encontrei a Natalí e a Sabrina, colegas de agência de viagem, e o papo foi noite adentro, compartilhamos muitas dúvidas, anseios, preocupações, mas a certeza de que dará tudo certo em Sydney. No domingo pela manhã fomos até o Estádio do Pacaembu, lá visitamos o Museu do Futebol e vimos o campo do Estádio. De tarde olhamos um filme e depois um chimarrão com a turma reunida. Voltamos na segunda logo depois do almoço.


                Na sexta tivemos o “Não vou participar desse troço III”, tradicional encontro da turma do curso de Inglês. Com direito a balões, cartazes em minha homenagem devido à viagem e uma janta bem saborosa preparada pela Dani. Mais uma vez ficamos falando bobagem até altas horas da noite.


                No sábado foi a vez de reencontrar meus grandes amigos e ex-colegas de Rech, Mateus e Hartz. Fomos até a pizzaria Girassol em Novo Hamburgo e ficamos comendo e conversando até o garçom começar a limpar nossa mesa e indiretamente nos convidar a ir embora.  Foi legal encontra-los de novo fazia um tempo que não os via e pelo menos conseguimos conversar um pouco sobre os últimos acontecimentos.
                Por fim no domingo foi a vez de rever as gurias de Campo Bom, Carol, Deh, Tati e Grasi. Tomamos um chimarrão no apartamento da Fran com a nega maluca que eu fiz e depois pra jantar fomos comer pastel no Vide Gula. 
               A mais difícil foram as despedidas da Fran e da família, pessoas tão importantes pra mim que vou ficar sem ver por um bom tempo. Não foi fácil deixar a mãe e a Carol no aeroporto, e seguir para o portão de embarque. Tive que ser forte e terei que ser mais ainda nos próximos dias.